Saibam honrar os direitos que saberemos concretizar os deveres

O mundo da educação pula e cresce todos os dias. São avanços sucessivos e significativos que não param mais de crescer, evoluir, formar e educar. É um mundo tão simples e ao mesmo tempo tão complexo que exige de todos nós - aqueles que nele trabalham - uma maior disponibilidade, sobretudo uma maior entrega e paixão. Diria mesmo que se cada um de nós não cumprir com ímpeto esta nova realidade não estaremos a atingir os objetivos que todos nós reconhecemos como essenciais para guiar as gerações vindouras. A Educação deve ser o berço de uma sociedade, pois dela depende o futuro dos nossos educandos e nós queremos um futuro cada vez melhor para aqueles que aqui estão e para os que hão de vir.
Desde há uns anos a esta parte que as políticas dos sucessivos governos têm privilegiado a construção de megaestruturas capazes de acolher num único local um maior número de alunos, rentabilizando assim recursos humanos que sirvam mais e melhor as necessidades educativas dos nossos educandos. Acontece que foram construídas grandes obras, aumentaram áreas de superfície e volumetrias dignas de admiração para todos quantos pasmam do lado de fora. Mas aqueles que passam na rua estão longe de saber as preocupações que se vivem cá dentro. Os recursos humanos são escassos, as tarefas cada vez mais complexas e os rácios de Não Docentes, ao invés de subirem, não param de descer. Se antes tínhamos um Não Docente para cada turma, hoje temos um Não Docente para várias turmas. Somos dedicados, esforçados, apaixonados, mas há vontades e valores que já não dão mais para esticar. É preciso ter mais gente nas escolas que vá de encontro às carências profissionais do dia-a-dia. As escolas precisam, com urgência, de aumentar o número de técnicos Superiores, Assistentes Administrativos e Operacionais e enquanto isso não acontecer estaremos a empenhar o futuro do futuro (passe o pleonasmo). E esta é, agora, uma responsabilidade direta das autarquias, às quais estaremos atentos.
Com este crescimento há necessidades que urgem resolver a curto prazo, sob pena de transformarmos os centros escolares em megaestruturas desorganizadas e difíceis de gerir. Assim defendemos para as escolas o aumento do número de Técnicos Superiores que possam ir de encontro às carências da educação. Uma biblioteca precisa de um licenciado em Ciência da Informação (profissional que trata de bibliotecas, arquivos e documentação). Um posto de socorros de um agrupamento com mil alunos precisa de um técnico de saúde (enfermeiro) para socorrer episódios agudos de emergência. A informática não pode retirar os professores da sua atividade base - que é ensinar - para os colocar a tratar da instalação de software e hardware. Estes são apenas três exemplos, mas urge pensar a estratégia que permita de facto termos uma melhor educação e servir direitos e deveres de todos.
A terminar, não podemos esquecer de referir que as carreiras profissionais da Função Pública precisam de reconhecer o mérito de cada trabalhador e não ficarem presas às amarras de cotas que servem apenas para quartar a paixão que temos em servir o sector do ensino. Um Não Docente que se empenha em fazer um excelente serviço deve ver o seu valor reconhecido, bem como o trabalhador que estuda tem o direito à progressão intercarreiras/intercategorias, de acordo com as habilitações que, entretanto, completou. As camaras municipais não podem travar a mobilidade dos funcionários públicos nem esquecer as atualizações salariais que todos merecemos.
Como em tudo na vida, há direitos e há deveres. Saibam honrar os direitos que - NÓS, Não Docentes - saberemos concretizar os deveres.
José António Moreira
2º Vice-Presidente do STAAEZN
Sindicato dos Técnicos Superiores, Assistentes e
Auxiliares de Educação da Zona Norte